sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A moda da kizomba!

Assisto com muito agrado e com alguma graça a este fenómeno que tem vindo a observar-se na nossa sociedade civil, que é o recente entusiasmo pela kizomba, ao ponto deste estilo de música e dança andar pelos palcos de programas de TV, passar nas rádios mais mainstream, e os seus cantores e respectivos concertos encherem estádios! Isto para mim é absolutamente fantástico, e engraçado!

Na verdade, eu sempre adorei dançar, e tenho uma amiga que, tendo raízes angolanas, sempre tentou arrastar-me para uma discoteca afro, mas nunca se proporcionou, nunca fui.

No ano "lectivo" de 2008/2009, decidi finalmente dedicar-me a este meu gosto pela dança, e ingressei na Escola de Danças Sociais e Artes de Espectáculo, na altura em Santos, para aprender salsa.

Como tinha uma amiga que já era bastante mais avançada, comecei logo a ir para o "social", que quer dizer na gíria deste mundo das danças, frequentar as festas e locais onde os alunos de várias escolas se juntavam para dançar e praticar o que aprendiam nas aulas. Geralmente as pessoas só frequentam o "social" quando têm 2 ou 3 meses de aulas, mas eu como tenho uma grande lata comecei logo! Os locais são mais que muitos, ou eram, "no meu tempo", Barrio Latino, Dance Spot, Mercado da Ribeira, Steps, enfim, conheci sítios do mais lúgubre e underground que podem imaginar, mas as pessoas de underground não tinham nada! Eram todas perfeitamente normais, quero com isto dizer, havia de tudo, engenheiros, bancários, designers, músicos, dançarinos, operários, advogados, escritores, tudo! E existia entre todos uma "febre", que não era de sábado à noite, mas de todos os dias à noite, pois todos os dias existia uma qualquer festa a bombar, e lá íamos todos!

Foram tempos muito bons, super divertidos, pois a noite no mundo das danças não tem nada a ver com a noite dita "normal" ( das discotecas). Para já, os homens não bebem, porque querem dançar, pelo que não há existem as típicas confusões que por vezes se gera entre alguns machos alfa, depois a dança gera alegria, e obriga ao convívio, pois é a pares! É impressionante, mas só se vêm sorrisos, boa disposição, good vibes, é uma autêntica terapia! 

Cedo comecei a ver que nessas festas passava sempre bastante kizomba, e comecei logo a interessar-me pelo ritmo, e nesse ano a kizomba começava a "dar cartas" e a tomar conta de muitas dessas festas! Apesar de ser relativamente fácil aprender, ingressei noutra academia, a Jazzy, onde fui aprender kizomba com o professor Kwenda Lima, um mestre nesta arte, um artista, uma pessoa com uma espiritualidade e uma aura tão especiais que tornava cada aula especial.

Nessa altura, os hits eram o "Assumir Barulho" do Anselmo Ralph (sim, esse!!), a "Tentação" dos Gama, muitas do Tó Semedo e do Nelson Freitas!

Contudo, apesar da "normalidade" com que me deparei neste mundo da kizomba, via que, "no mundo cá fora", ou seja, entre os meus amigos fora das danças, existia ainda algum preconceito contra a kizomba, quase como se fosse imoral, indecente, ou apenas direccionado para africanos. E todos os que andávamos nas danças sentíamos isso. 

Por isso, desde que me encostei às boxes, porque entretanto casei com o T., que, tenho reparado que cada vez mais a kizomba é uma dança e música para todos, que está na berra, na moda, e hoje toda a gente sabe quem é o Anselmo Raplh! Se me dissessem isto há uns anos atrás, talvez não acreditasse!

Para mim é espectacular ouvir kizomba na RFM, pois há uns anos só ouvia se levasse CDs no carro. E é espectacular que todos percebam, sem preconceitos, que tanto a dança como a música nada têm de indecente, são românticas, suaves, quentes, melodiosas, uma forma de nos exprimirmos, uma arte!

Só para rematar, conheci o T., de quem fiquei noiva faz hoje 4 anos, nas aulas de kizomba! :-))) Vêm como propicia o romance?? ;-)


Sem comentários:

Enviar um comentário