quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Curso de preparação para o parto- é preciso fazer? Sim ou não?

Bem, preciso assim mesmo imprescindível, absolutamente necessário, diria que não...
Muito útil, sem dúvida que sim.

Numa primeira gravidez, e especialmente quem não tiver grande (ou nenhuma) experiência com crianças, que era o meu caso, pois nunca na minha vida tinha mudado uma fralda (que é uma coisa que depois até nos dá vontade de rir, quando já o fizémos 500 vezes em dois meses...), e, apesar de já ter duas sobrinhas, nunca tinha ficado com elas à minha guarda, à minha responsabilidade.

Quanto à preparação para o "parto" propriamente dito, o que lá vamos aprender não precisaria de dois meses de repetição (que foi a duração do meu curso), numa aula ou duas dava-se a matéria e fazia-se revisão da mesma. No que se refere a este tema em concreto, o que se aprender são basicamente as respirações, que, conforme a contracção seja mais ou menos intensa, deverá ser feita em tempos de uma por segundo ou duas por segundo (o chamado "respirar à cãozinho", portanto). Confesso que, como tive BASTANTES contracções muito juntas e INTENSAS no parto da M., na altura fartei-me de aplicar os meus conhecimentos e pensei mesmo o que seria de mim se não os tivesse, mas hoje em dia não sei se não existirá um qualquer instinto dentro de qualquer uma de nós que nos faça respirar daquela forma exactamente porque permite controlar a dor (um bocadinho, vá...).

Também aprendemos uns exercícios de relaxamento, esses a meu ver mais dispensáveis, pois naquela altura é mesmo IMPOSSÍVEL relaxar, manter o corpo molinho e blá blá blá, quando tudo o que é barriga, rins, parede abdominal, ovários, intestinos, qualquer tripa interna da cintura para baixo parece ficar rijo como uma rocha e empurrar alguém num sentido de saída de forma que não aceita da parte do ser que lá estiver dentro um "não".

E lembro-me também duns exercícios para o períneo e respectivos tecidos fortificarem, não sei se úteis ou não, mas a minha episiotomia foi bastante pequena, portanto, os tecidos lá se devem ter portado bem-? Mas também pode ser genético e não dos exercícios, não sei-?

Mas o que considerei verdadeiramente útil foi a própria preparação para a parentalidade, e o efeito "terapia de grupo" que ali se ia gerando, e a confiança que começámos a ter na nossa querida "mentora", de quem já vou falar a seguir!

Falámos muito da amamentação, nomeadamente o quão é importante para o bébé, o seu sistema imunológico, a prevenção de futuras alergias, etc, e que não devemos desistir, e tentar vencer as contraditoriedades, porque elas vão aparecer na certa, mas não desistir.

No curso, sobre este tema da amamentação, aprendemos algumas dicas para a coisa correr melhorzinho... Nomeadamente:

- usar o Syntocinon (Occitocina) nos primeiros dias para ajudar a "fluir";
- colocar Purelan (como já disse, preferi o Bepantene) nos mamilos (mas o melhor é mesmo passar uma gota de leite no final da mamada);
- antes de dar de mamar, aplicar água quente no peito, para ficar mais líquido;
- se o peito estiver quente e inflamado, aplicar gelo (pode ser um saquinho de ervilhas congeladas!)
- beber muita água, tomar levedura de cerveja ou o Promil para estimular a "produção leiteira" (linda expressão).

Depois aprendemos a gerir rotinas, o que também é importante para quem vai completamente a leste do paraíso nessa história da parentalidade. No nosso curso, aconselharam-nos a começar a rotina do deitar por volta da meia noite, aí dávamos o banho, depois fazíamos uma massagem (ou era ao contrário, já não me lembro!!), maminha e tuuuudo a fazer um grande ó-ó (era mesmo assim que a enfermeira dizia!). Ou seja, nos primeiros tempos, é conveniente deitar o bébé ao mesmo tempo dos pais (ou da mãe, se fôr sempre esta a assegurar as noites, era o meu caso, lá está, porque dava de mamar...), para que aquele primeiro ciclo, à partida maior, de sono, seja aproveitado também pela mãe. Quando temos só um, isto é perfeitamente exequível, agora com dois confesso que estou um pouco desnorteada quanto a esta parte, uma vez que deitamos a M. por volta das 21.30m...

Ou seja, em termos de "matéria", podem agradecer-me estes "fascículos" que aqui vos deixo, porque é isto! Basicamente, é isto, repetido várias vezes durante dois meses. Nesse aspecto, diria que não é absolutamente necessário, porque acho que talvez os pais sozinhos descobrissem estas dicas e tácticas todas, quiçá até mesmo mais ajustadas ao seu estilo de vida e rotinas, e sempre haverá mães, irmãs, amigas, que dão uma ajuda com a sua experiência pessoal (ou não, que às vezes os palpites são demasiado "barulho"... há que saber filtrar...).

Mas o que eu acho que é verdadeiramente importante, é a ligação emocional que se ganha àquele espaço de comunhão, de partilha, de medos, angústias, desejos, e a confiança, se fôr o caso, que se desenvolve com quem nos ministra o curso.

No meu caso pessoal, fiz o meu na Clínica de Santo António da Reboleira, com a Enfermeira Lurdes (já não me recordo do apelido!), que foi sem dúvida um pilar nessa fase da minha vida. Uma verdadeiramente mãezona de todas nós, uma fortaleza, um rochedo no qual nós, as pintaínhas (ou melhor, as galinhas chocas) nos apoiávamos com todas as nossas fragilidades, e ela estava lá sempre para nos esclarecer, acalmar, "endireitar" as ideias e os pensamentos. Tratava-nos como filhas, com uma meiguice nada lamechas, mas uma meiguice que nos fortalecia, pois dedicava-se-nos por completo mas sempre fazendo com que nos mantivéssemos erguidas, sem medos, injectava-nos confiança e força, e essa força sem dúvida que para mim foi essencial naquela fase.

Mesmo depois da M. nascer, foi para a Enfermeira Lurdes que liguei muitas vezes em desespero, fui ter com ela imensas vezes à clínica levando a M. para ela me "orientar", foi uma pessoa essencial porque, além de ter da bébé a distância necessária que os familiares não conseguem ter ("apropriando-se" logo do bébé...), sendo uma profissional, dava sempre os seus sábios conselhos de cabeça completamente fria, de forma racional, sempre injectando confiança em nós como mães (o que é necessário, por vezes), e ensinando-nos a sê-lo de forma firme e sustentada.

Não tenho palavras para lhe agradecer todo o apoio que ela me deu naqueles meses que antecederam e se seguiram ao nascimento da M., e da forma como marcou esse período, por isso, valeu muito a pena fazer o curso.

Por outro lado, a desvantagem é que nos torna demasiado "focadas" em coisas com as quais devemos estar mais descontraídas, pois, quando estamos grávidas pela primeira vez, estamos tão assustadas com o parto, a responsabilidade, etc, que o facto de repetirmos ali a ideia mil e uma vezes pode não ser muito producente. Torna-nos mais obsessivas como o tema, e nesse sentido, frequentar o curso pode ser prejudicial. Fazer visitas aos blocos de partos então acho completamente desaconselhável, pois ninguém quer imaginar pinças de churrasco dentro de nós, ou ver com que instrumentos se rebentam as bolsas, ou com que agulhas se aplica a epidural. Eu desaconselho vivamente..

Moral da história: é útil fazer o curso, mas se não o fizerem, cada mãe descobrirá por si própria (e pai também, claro) a melhor forma de se orientar com o novo elemento que chega à família, estou certa!

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