sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Parto normal ou cesariana? - dois partos, duas experiências

Bem, sei que muita gente tem esta dúvida: qual é o mais doloroso, o parto normal ou a cesariana? E sei também que, especialmente para as mamãs de primeira viagem, existe uma tentação de torcer interiormente para que o bébé esteja sentado, ou qualquer coisa que o valha, para que se possa decidir por uma cesariana sem qualquer remorso ou sentimento de culpa. I´ve been there, portanto, sei bem do que falo.

Sei ainda que cada experiência é uma experiência, que há partos "pela via baixa" terríveis, carregados de dores e de sofrimento, e que há cesarianas em que as mães nunca chegam a dar um "ai" em todo o processo de recuperação, assim como há partos normais fantásticos e cesarianas com recuperações bastante dolorosas, mas só posso falar-vos da minha experiência, que vale o que vale, mas sempre pode ajudar alguma alma mais desorientada e amedrontada em véspera de parto ou em fase final de gravidez!

Pois bem, a baby M. nasceu de parto normal. Já estava de 40 semanas e 3 dias, e ela não havia meio de querer nascer. Eu fazia caminhadas, eu subia e descia escadas, tudo e mais alguma coisa, e a miúda nada. Sempre que fazia o toque ou o CTG, era um deserto de contracções, e o colo sempre "muito verde", por isso nunca concordei em induzir, pois já tinha aprendido que induzir partos em colo verde é "estar ali a partir pedra"...

Mas quando já passava das 40 semanas, a médica combinou comigo que daquele dia não passava, e então a M. resolver ajudar e, nessa madrugada, as águas rebentaram, e acabei por entrar em trabalho de parto espontaneamente.

Entrei no Hospital de Cascais às 5h da manhã, já com umas VALENTES contracções, e depois como ainda me deram occitocina a coisa ficou realmente muito INTENSA, até porque a epidural não pegou e portanto, até ao momento expulsivo, senti TUDO!

Mas se me perguntarem se foram assim umas dores horríííveis, não, não foram, quer dizer, na altura aquilo custa, mas depois passa e honestamente já nem me lembro muito bem.

A M. nasceu às 14h, foi um parto relativamente rápido, para primeiro filho, mas muito intenso!

O trabalho de parto em si é cansativo, extenuante, estar ali a respirar à cãozinho horas seguidas cansa, e ainda por cima estava de directa (uma vez que ainda não me tinha deitado quando rebentaram as águas), isso não posso esconder. Quando chegou a noite estava cansadíssima e a precisar de dormir 20 horas seguidas, o que não foi possível porque a M. acordava de hora em hora...

Quanto à recuperação, a episiorrafia doi um bocado, mas suporta-se, o pior, no meu caso pessoal, é que a costura ficou mal feita e isso gerou uma complicação pós parto que durou um ano e, isso sim, deu dores horríveis, razão pela qual, apesar de ter tido um parto que, apesar de tudo (da epidural não ter pegado, por exemplo), considerei fácil, optei por fazer cesariana, desta vez.

Bem, a experiência do parto propriamente dita não tem comparação. É a diferença entre um cenário nu e cru de uma mulher a fazer toda a força do mundo, outras a puxar por ela, outra a agarrar no bébé, depois de horas de esforço e dores, ou o estar deitadinha, a sentir uma agradável sensação de "bebedeira" provocada pela anestesia, estar à conversa com a equipa médica ao som de música clássica e vermos o bébé já na mesinha ao lado sem nos darmos conta de como foi ali parar ou sem termos contribuído de forma alguma para aquilo. Era o tal cenário dos anjinhos a tocar harpa que tinha descrito noutro post!

Contudo, apesar do "conforto", perde-se a emoção incomparável de ouvir o choro do nosso bébé após o nosso esforço e vê-lo já deitado no nosso peito mas ainda ligado a nós pelo cordão umbilical, é único e na cesariana não se tem a mesma sensação de triunfo, de vitória, de missão cumprida.

Mas nos dois dias seguintes sem dúvidas que estava fã da cesariana, as dores eram bastante suportáveis, não sentia um terço do cansaço, podia sentar-me sem ter que ser numa almofada em forma de bolo rei (...), tudo às mil maravilhas... até acabar o balãozinho que carregava um analgésico intravenoso milagroso que dura 48 horas após o parto.

Bem, aí as coisas ficaram DURAS! As dores são mesmo muitas, chega a parecer que dá febre, que o corpo está todo inflamado, doía a barriga como se tivesse feito 3000 abdominais na véspera, doíam as costas e o pescoço por estar contraída com dores, e qualquer movimento mínimo que fizesse parecia solicitar a musculatura abdominal e doía horrores. Ainda por cima constipei-me e tinha tosse, e cada vez que tossia parecia que os pontos iam rebentar!! Enfim, sofri um bocado!

Conclusão: no meu caso, não me arrependo da cesariana, pois foi para evitar um mal maior, uma vez que sempre é melhor sofrer uma semana do que um ano, e agora o pior já passou, apesar de ainda me doer a cicatriz, mas para quem não tem qualquer contra indicação, a não ser medo do parto normal, e, repito, da minha experiência pessoal, achei o parto normal bastante menos doloroso do que a cesariana, apesar de mais cansativo, esgotante, etc. De qualquer forma, tanto uma como outra experiência foram suportáveis e todas passamos por isto e é assim que a Humanidade se tem perpetuado, portanto, sem medos! Duma maneira ou doutra, somos o sexo forte e aguentamo-nos!

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