quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Bébé morre ao nascer no Hospital S. Francisco Xavier

Em traços gerais, tenho usado este blog para registar o crescimento da Luazinha, o dia a dia com ela, a evolução, o sono, as brincadeiras, a alimentação, porque bem sei o que me valiam os "babyblogs" quando estava em casa com ela, na licença.

Uma vez que além de mãe também sou mulher, uso este espaço para falar dos meus gostos pessoais quanto a roupa, sapatos, etc, uma vez que são temáticas que muito prezo como penso que qualquer mulher.

Isto para dizer que o blog é um blog "ligeiro", não no sentido de hipócrita, uma vez que não pinto o meu mundo como mãe e mulher de cor de rosa, e este blog tem o lado confessional de uma mulher que tenta conciliar grandes responsabilidades profissionais, a maternidade, o casamento, a família, os amigos, com tudo o que isso implica, e que por vezes não é de todo o mesmo que vivermos no paraíso, mas não é um blog "pesado", que fale nos problemas, em que eu expresse as minhas opiniões sobre a crise, ou fale sobre temas incómodos, ou pesados.

Mas sinceramente tenho que utilizar este espaço, que como qualquer blog é um espaço de informação também, para compartilhar um acontecimento muito triste que sucedeu no meu seio familiar, com pessoas que me são familiarmente muito próximas, e que me transtornou muito.

Desde já ressalvo que não sou senhora da verdade, não sou médica, e não estava presente, mas vou relatar a história como me relataram, e quem ler fará o seu juízo. Eu própria, antes de ter a Luazinha, li "n" relatos de partos mal sucedidos, e sei que é importante ter referências, sentir segurança, e por isso acho que qualquer um merece saber o que se passou, independentemente das causas, que se apurarão em sede própria.

Então digamos que a minha prima "X" se dirigiu ao Hospital de S. Francisco Xavier, para ter a sua primeira filha. A sua primeira bébé. Depois de nove meses de espera. Nove meses de expectativas, de milhares e milhares de pensamentos, de sonhos, de medos, de enjoos, sono, ecografias, vitaminas, creme na barriga, consultas médicas, e mais sonhos, e mais medos, e mais expectativas. Depois de ter decorado o quarto, comprado as roupinhas, a banheira, o muda fraldas, a alcofinha, os lençois, as fraldas, e de finalmente ter feito a mala da maternidade. Dirigiu-se ao S. Francisco Xavier porque sentia contracções. Mandaram-na para casa porque ainda não era a hora. Voltou três dias depois. A mesma coisa. E mais três depois, e lá ficou, então, internada. Apesar das contracções, e da dilatação ter chegado aos dois dedos e ficado por aí, ela lá continuou com as contracções, durante horas e horas a fio, o que, para quem já foi mãe, sabe que é duro, mas nada comparado com o que se seguiu. Pois uma vez que nenhuma alma se lembrou de encaminhar a minha prima para uma cesariana, uma vez que o parto progredia mas a dilatação continuava nos dois dedos, quando chegou o momento da expulsão a bébé pura e simplesmente não saía. Puxavam-na, puxavam-na, e não saía. Cortavam a minha prima e voltavam a cortar, e quando finalmente conseguiram tirar a menina, estava morta.
Ainda não sei a causa. Se estava enrolada ao cordão, se ficou em sofrimento porque já tinha rebentado a bolsa e ainda não tinha oxigénio (causa muito comum quando se protela até à exaustão o parto pela via baixa e o bébé não aguenta a "espera"), se foi puxada da forma incorrecta o que possa ter afectado a cervical (esta hipótese foi avançada por outra prima nossa, que é médica), só sei que tinha os braços negros, provavelmente dos puxões que levara, e que morreu ao nascer. Sim, porque morta não estava, ou o CTG não teria detectado batimentos cardíacos e esta história seria diferente. A bébé morreu ali, naquele momento, ao nascer.

Uma coisa para mim, que não sou médica mas sou relativamente informada sobre o assunto, é certa, este parto deveria ter seguido para cesariana mal se percebeu que a dilatação não se fazia da forma adequada, pois evidentemente o bébé vai entrar em sofrimento e o tempo pode ser curto para o conseguir tirar a tempo. E pergunto-me como é que, em pleno século XXI, se deixa morrer um bébé no parto! Com que ligeireza se tomam decisões que acarretam consequências destas! Com que ligeireza se acaba com uma vida, e se desfazem mais duas, pois como e quando é que os meus primos se vão refazer disto.

Qualquer mãe pode imaginar o que possa ser uma coisa destas para uma mãe. Eu que passei por um parto normal, pela via baixa, sei o indescritível, fantástico, inesquecível, o momento em que se dá à luz um filho, se põe o filho no mundo (no meu caso fui mesmo eu, se forceps nem ventosa nem nada!), e a emoção que é quando o ouvimos chorar, e o vemos, sabemos que tem vida, que fizémos a nossa missão, que toda uma vida e um mundo começa ali!

E imaginar um filho, o primeiro, morrer no acto do seu nascimento, é um verdadeiro horror.

Por isso, ainda antes de melhor apurar as causas, pois nem li ainda o relatório da autópsia, portanto, ressalvando qualquer possível defesa que o hospital possa fazer (e todos sabemos que é isso que vai acontecer), não queria deixar de usar este espaço para que qualquer pessoa que aqui venha saiba que no Hospital S. Francisco Xavier houve um parto que correu tão mal que o bébé morreu. Tão nu e cru quanto isto. A partir daqui, todos são livres de fazerem o que pretendem com a informação que têm.

4 comentários:

  1. Tb quero partilhar contigo aquilo que uma amiga minha passou no HSFX.Faltava uma semana para a menina nascer.A minha amiga estava com a tensão alta e foi ao hospital,resumindo mandaram-na para casa!A meio da noite sentiu-me pior do que estava e lá voltou.A menina dela morreu na barriga e ela teve de ter um parto normal...!!!

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  2. Olá Sara! Obrigada por partilhares! Isso também deve ter sido horrível! Nem consigo imaginar! Enfim, evidentemente também haverá casos de sucesso no HSFX, eu própria conheço alguns, mas a verdade é que também li entretanto vários relatos negativos em fóruns especializados no tema e se há sítio onde não terei um bébé, é lá! Força para a tua amiga e obrigada pela partilha!

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  3. Obrigada por partilhar. Também eu tenho uma historia idêntica. A minha filha gravida de 8m, tudo a correr bem, apesar de ser uma gravidez de risco, mas que correu bem até aos 7m, onde lhe disseram que estava a ficar com as artérias endurecidas....isto, na Maternidade Alfredo da Costa. Receitaram-lhe aspirina e foi para casa, tendo marcado nova consulta para dali a 1m. Nas vésperas da consulta, deixou de sentir a bebé, e foi à Maternidade onde verificaram que já não existiam batimentos cardíacos do bebé.....8m de sonhos, de projetos, de alegrias. Um sofrimento atroz para ela, o pai, os avós...enfim....mas sabem, se acontecer uma próxima vez, a Maternidade não se vai dar bem comigo, pois sei que houve negligência, e vou até ao fim do mundo se for preciso para os processar....fecham o edifício, mais cedo do que pensam, acreditem.....sempre fui mulher de palavra e enquanto não o fizer não descanso, não vivo!!!!!

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    1. Muito obrigada por partilhar a sua história, Anónima! E sinto muito pela história tão terrível vivida pela sua filha e todos os que a rodeiam. Realmente, nem quero imaginar esse sofrimento! É exactamente como diz, são meses de tanto investimento da nossa parte, a tantos níveis, para depois tudo terminar de forma tão estúpida! Enfim! Mas o que é preciso é manter a esperança e continuar a lutar e a tentar. De certeza que ainda vem aí um netinho lindo e saudável para compensar todo o sofrimento! :-)
      Um grande beijinho e obrigada!

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