quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Ser uma lontra- sim ou não? Eis a questão!

Pois bem, a lontrice está instalada e veio para ficar, é oficial.

Há uns anos atrás, quando era uma jovem solteira a residir num simpático T2 tendo o meu
gato lunar, que o vento levou, como única companhia, frequentava o ginásio com tanta gana,
fervor, assiduidade, que certamente dei prejuízo aos senhores. Aquilo é que foram tempos!

Depois de uma vida de efeitos iô-iô, ora emagrece, ora engorda, ora é gorda, ora já é magra
demais, ora é normal e pensa que está gorda, ora pensa que está normal mas devia ser mais
magra, chegou o ano de 2007, o ano da minha emancipação (pois deixei finalmente o lar
paterno/materno para viver no supra referido T2, que me esperava já há 2 aninhos.... sim...
tive dificuldades em cortar com o cordão umbilical, ok??), e inscrevi-me num templo dourado
com gurus do exercício fisico!

E lá ia eu, todo o santo dia, devia dar-me ao luxo de folgar um diazinho da semana (quando
era) e treinava intensamente, desde as aulas fervorosas e histéricas do RPM que me faziam
sentir uma guerreira amazona triunfante e vencedora (se bem feito com carga de jeito,
acho que não há actividade física que bata esta), às do body pump para definir os músculos
e “fabricar” massa muscular, também fazia muita musculação com cargas jeitosas, e de
vez em quando lá ia também a um body attack ou power jump, algo mais “levezinho”. Em
média 1 hora e meia por dia, sendo certo que muitas vezes eram 2 horas de treino. Assim,
por exemplo, uma hora de RPM e logo a seguir outra de Body Pump... ui!, as perninhas até
tremiam nos agachamentos com 22 kg na barra depois de uma hora de RPM bem puxada.
Tempos de sacrifício, minha gente, mas também tempos de glória! Porque além de pesar
menos 10 kg, a minha constituição passou de pêra, a pêra rocha, e depois chegou quase quase
a ser uma ampulheta rocha (pronto, digo quase porque há coisas que a genética tem que ser
amiga, e não se resolvem com ginásio e acho que nem com bisturi), estava finalmente magra
mas sem qualquer tipo de flacidez, não havia um grãozinho de celulite, tinha liberdade para
correr na praia sem preocupações, não se viam ossos nem banhas! Lol

A minha mãe costumava dizer-me que só podia dar-me ao luxo de treinar daquela maneira (os
próprios professores diziam-me que eu passava lá mais tempo do que eles próprios... ) porque
não tinha mais responsabilidades na vida a não ser o trabalhinho, e de facto, nessa época, nem
namorados, quanto mais maridos ou prole! Pois que a minha mãe tinha toda a razão!

Quando me juntei com o meu actual marido, como mudei para Lisboa, tive que cancelar a
inscrição nesse templo dourado e entrar numa famosa cadeia multinacional. E aí começa o
princípio do fim!

Desanimada porque já não tinha os mesmos professores, os mesmos colegas, etc, começo a ir
menos...

Quando casámos e engravidei logo, passo a ir ainda menos...

Como enjoei que me fartei no primeiro trimestre e perdi 8 kgs mas mesmo porque comia uma
canjinha e uma papinha e já era com esforço, pelo que nem tinha forças para me levantar do
sofá ou segurar uma gata, mesmo que recém nascida, pelo rabo, deixei definitivamente de ir...

Depois no segundo trimestre lá fui àquelas aulas assim mais para os velhotes, umas 8 vezes,
vá...

Depois do parto, devo ter ido... outras tantas, ou nem isso...

Desculpas? A falta de tempo, ah e tal, ou estou cansada, não dormi bem, ou porque depois
saio do trabalho tenho que estar com a Luazinha, ou se fico é porque tenho que trabalhar,
à hora de almoço não dá jeito tenho que ir a correr e depois lavar o cabelo demora muito
e isto e aquilo e o outro... e vai de enfardar chocolatangas como se não houvesse amanhã,
assim mesmo à noitinha, quase já com o pézinho na cama, para ficar ali a dormir e a medrar
ao mesmo tempo, e acordar todos os dias com mais uns kgs, vai de comer papinhas cérelac
porque “não estou com muita fome para jantar”, vai de me queixar que preciso de roupa
porque não me serve nada na barriga e que deve ser ainda da gravidez (deve...).

Por isso, como não vejo luz no fundo do túnel, pergunto-me... será que vou deixar de ser
uma lontra?? Será possível conciliar maternidade, casa, trabalho, e ainda ter tempo, energia
e disponibilidade para malhar no ginásio?? Sim, porque uma coisa é verdade, eu quando
vou malho com tal intensidade (com as cargas que colocava quando ia todos os dias, por
exemplo...), que fico sem me mexer uma semana, isso também tem impedido um percurso de
continuidade.

Mães de Portugal, se me estão a ouvir, digam-me, é possível conciliar isto tudo? Ou é um mito
urbano??

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