Os Aboborinhas

Bem... quanto ao concerto....

Depois de animado jantar algures no shopping do Campo Pequeno, e de eu e o Sunshine aproveitarmos a possibilidade de poder andar na rua de mão dada, sem termos à nossa responsabilidade carrinhos, ovinhos, saquinhos, e afins, lá fomos nós para o recinto marcar lugar!

Enquanto o concerto não começava aproveitávamos para pôr a quota de beijos em dia (estava em grande déficit nestes últimos meses!! lol), até uma voz anunciar: "Wellcome to tha Smashing Pumpkin's Show!"

Os restantes minutos foram de completo pânico e terror, eu e o Sunshine, estarrecidos, comentávamos um com o outro: "O Billy Corgan está tão cabeludo!! Ele era careca!! E a voz! O que é feito da voz dele?? Antes era aguda e delicada, agora parece que está a cantar com comida quente na boca! E que raio de músicas são estas? Serão as novas??" E o tempo passava... e nós queríamos com muita força acreditar que aqueles não eram os Smashing Pumpkins, mas ao mesmo tempo... não sabíamos nada de primeiras bandas!

Ao fim de 45 minutos eles lá disseram que era a última canção e.. uffff. que alívio, percebemos todo o equívoco! Aqueles eram apenas uns aboborinhas, e não As abóboras verdadeiras!

Finalmente lá vieram os genuínos Smashing Pumpkins e começou o concerto a sério!! Foi um sonho realizado! Tentei nos anos de 1996 a 2007 por inúmeras vezes vê-los, e nunca conseguia, nunca se concretizava, e só por isso valeu muito a pena! Reviver aquela sonoridade tão única, ouvir a inconfundível voz de Billy Corgan, sentir aqueles baloiços mentais em que parece que mergulhamos quando ouvimos as melodias deles!
Mas confesso, para quem já foi FÃ, soube a pouco... Nada de nostalgias, o que para mim, caranguejona de gema, é uma falha! Como pôde a obra prima deles, o "Mellon collie and the Infinite Sadness" ser quase ignorada?? Ok, ok, tocaram o "Zero", o "Muzzle", o "Tonight Tonight" em ritmo de 120 BPMs, mas nada de "To Forgive", "Galapagos", "Thirty-three", "In the arms of sleep", "1979"...
O Siamese Dream também foi minimamente representado (tocaram o "Soma", uma das minhas preferidas de todos os tempos deles), mas faltava "Mayonnaise" ou lendário "Disarm"... assim só para nos adoçar a boca...
Depois houve promoção do novo trabalho, pareceu-me mais "a abrir".
Bem, uma coisa é certa. Os SP são lidos e ouvidos de forma diferente por cada fã, consoante o que representam para cada um.
O meu Sunshine dizia que fazia BTT ao som deles, portanto ouvia aquelas mais "hardcore", e considerou que passaram os seus grandes hinos lá no concerto.
Eu ouvia-os em clima de romance, ou de namoro, ou de desgosto amoroso, portanto para mim Smashing acima de tudo é calma, é balada, é suavidade, para mim faltou qualquer coisa... Pronto.

Quando chegámos a nossa Luazinha já estava a dormir ferradinha, acho que não foi muito mázinha com os avós... lol.
Mas a verdade é que não deixei de pensar nela por um segundo! De relacionar os tempos em que ouvia aquelas músicas, era uma estudante de Direito, apaixonada pelo seu primeiro namorado, que conhecera na viagem de finalistas do liceu em Palma de Maiorca, ainda com tanto assunto por resolver comigo mesma, como qualquer adolescente. E agora aqui estou eu, mulher feita (pelo menos no BI, lol)  ao lado do meu marido, a pensar na minha filha que ficou em casa...