sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O melhor de dois mundos

Recomendo vivamente esta diferença de idades (dois anos, dois e meio) para quem tem o desejo de ter mais do que um filho. Porque o que tenho sentido é, de facto, que temos o melhor de dois mundos!

Quando temos um bébé, temos por ele muitos sentimentos ambivalentes, mesmo que não queiramos admitir, é essa a verdade e acontece com toda a gente. Existe sempre uma dictomia, primeiro entre o bébé sonhado/imaginado e o bébé real/concretizado, a felicidade/angústia (porque nem tudo são rosas), a vontade de nos libertarmos/medo de que se libertem.

Ama-se incondicionalmente o nosso bébé, desde o primeiro minuto, mas é uma relação que ainda se baseia muito na expectativa, a meu ver. Ainda não é muito "interpessoal". Claro que existe um grande laço, sobretudo com a mãe, claro que quando o S. me olha bem dentro dos olhos, e ficamos assim que tempos, ele quentinho no meu colo, apenas a olharmos um para o outro, trocamos sentimentos que ainda não se traduzem por palavras, e agora que o S. já SORRI (fica tãããoooo fofinhooooo), e começa a reagir mais aos estímulos, já estamos a estabelecer, de facto, uma relação.

Mas, para mim, apesar de todas as fases serem giras, a fase da M. tem outra piada, há uma verdadeira troca de ideias, palavras, a M. conta o dia na escola, canta, dança, faz gracinhas e coisas menos engraçadas, já percebe tudo de tal forma que já pergunta: "a mãe está triste com a M.?...", "a mãe está zangada com o S.?..", só de olhar para a minha expressão. Existe um feed back, uma bilateralidade que na idade mais tenrinha ainda não se pode dizer que exista.

E é esta certeza, esta expectativa, a par do amor imenso que sinto pelo S., é o que dá alento naqueles momentos menos bons, em que o sono, o cansaço, a impaciência, querem vencer.

Por outro lado, sei que senti muito todos os momentos de emancipação e conquista de independência da M.. Sei o quanto gostava de estar horas a dar-lhe colinho, e como para mim são poucos os escassos (bem, são muitos, mas eu queria sempre maaaiiisss) beijinhos e abracinhos que me dá diariamente, e isso faz-me ter saudades de quando ela era bébé.

Mas aí tenho o S., com quem me posso "vingar"! E ficar com ele no colinho durante horas, nestes dias assim tão cinzentos e feios, ficarmos os dois no quentinho, sentir aquele cheirinho a bébé misturado com Uriage no cabelo e Mustela na pele, é algo paradisíaco!

Ou seja, é o conjunto de dois formado por eles que me traz a felicidade plena! Um completa o outro, o que um me traz encaixa-se no que traz o outro. É, realmente, ter o melhor de dois mundos!

E depois, por um lado, são os dois "bébés", vão crescer juntos, brincar juntos, vão ser companheiros! Por outro, a distância é suficiente para o grau de entendimento da M. ser suficiente para não ter grandes acessos de posse ou ciúme, para ter cuidado com o irmão, para ouvi-lo chorar de noite e não começar ela a chorar também, etc. Até diria que o seu desenvolvimento cognitivo deu um grande salto desde que nasceu o irmão. Bem como a tolerância à frustração. Com a existência do irmão a M. percebeu e aceitou que não é o centro do mundo, e acreditem, ao contrário do que poderia parecer, o nosso dia a dia é bastante mais calmo agora do que há uns meses atrás.

Mas claro que a procissão ainda vai no adro!... ;-)

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