sexta-feira, 27 de abril de 2012

Capitães da Areia


Pois é, as férias passaram a correr, pareceram um fim de semana grande, apenas! Deu para uma consulta médica, visita a dois infantários, lanchinho a dois, almoços e jantares familiares, caminhadas no "calçadão" aqui da linha, um lanchinho a três numa esplanada de praia e uma ida ao cinema a dois! Ena! Assim depois de escrever tudo até parece muita coisa!

No feriado fomos ver este filme, "Capitães da Areia". O livro, a meu ver, é a obra prima de Jorge Amado, e, para quem é amante de livros como eu, facilmente fica desiludido com o resultado final de um filme que adapte um livro, portanto, ia bastante curiosa!

Acho que foi uma boa adaptação de Cecília Amado, neta do escritor, penso que retratou fielmente o quotidiano das personagens do livro, as histórias dos assaltos, de como viviam aqueles meninos (e sobreviviam) nas ruas, dos baianos e do seu carácter no geral, da história de afecto entre Pedro Bala e Dora. Outro ponto positivo foi a interpretação destes jovens actores, que acho que nem actores eram, e fizeram interpretações exemplares dos personagens.
Pareceu-me mais morninho no início, mas depois começa a prender-nos e a cativar-nos, começamos realmente a torcer pelas personagens (mesmo já conhecendo o final...), e acho que acaba por ser um bom filme, afinal.

Mas há uma diferença fundamental entre o filme e o livro, que torna o filme muito mais "suave", politicamente correcto. As ténues referências que faz ao pai de Pedro Bala, sendo que no livro um dos pontos fulcrais era a idealização que este tinha do pai, que era para si um exemplo a seguir. Talvez Cecília Amado tenha querido tirar do filme o carácter político que o livro teve, uma vez que todo ele alude subtilmente ao comunismo, as decisões tomadas em conjunto, os direitos dos mais desfavorecidos, os declives sociais. No filme todos esses simbolismos são subtis, e não existe mensagem política em nenhum deles, sendo que o livro estava repleto de mensagem.

Mas lá está, a arte é uma forma de comunicação e Jorge Amado pretendeu dar-nos uma mensagem, Cecília faz a sua própria interpretação e transmite-nos noutra forma de arte, é natural que alguma essência se perca pelo caminho.

Quer tenham lido o livro ou não... penso que é um filme a ver!

Sem comentários:

Enviar um comentário